Foi-me pedido com dias de antecipação que escrevesse um artigo sobre a mulher cabo-verdiana para a ocasião do nosso dia, mas fui deixando, fui deixando... Tal e qual, como muitas outras de nós, levadas pela correria e o stress do dia-a-dia acabamos sempre por esquece-nos de nós mesmas, de ser mulher e priorizamos outras coisas em nossas vidas. É exatamente por esse motivo que escrevo em este dia tão especial para recordar-nos o quão importante é ser uma mulher Kriola!
Ao longo da historia da humanidade a mulher lutou pela sua emancipação e conquistou a sua voz e lugar no mundo. A mulher cabo-verdiana não ficou de braços cruzados nessa luta e hoje ela é uma figura presente em todos os níveis e sectores da sociedade cabo-verdiana. Tanto que até tem um dia próprio (mais do que merecido, diga-se de passagem) no calendário cabo-verdiano.
Somos um ser admirável em todos os sentidos, a nossa vida nunca foi fácil no passado, mas mesmo assim lutamos para complicar-la mais ainda no presente em vista de um melhor futuro, porque não tememos desafios. Achávamos que passar o dia inteiro a frente de um fogão, uma “celha” cheia de roupas para lavar, de vassoura a mão ou então uma “escadinha” de filhos para cuidar e educar era pouca coisa (pior não era um esforço valorizado). Decidimos então agarrar os livros e fazer frente a aquele que era considerado o ser superior a cabeça da família: o homem. “Rodamos” a cabo-verdiana, nos desdobramos em duas (ate em mais quando necessário) e vencemos a batalha, não digo a guerra porque esta se inicia todos os dias com cada uma de nós ao despertar-nos muitas vezes antes do nascer do sol.
Cabo Verde percebeu que não podia reprimir mais o a força femenina das nossas dez ilhas. A mulher kriola deixou de ser apenas a grande mulher que vinha sempre a traz do grande homem e para passar a ser a grande mulher que vinha ao seu lado (e em alguns casos muito a frente). O nosso país só teve a ganhar com essa revolta de testosterona, porque Cabo Verde viu nascer e crescer vultos femeninos que impulsionaram a nossa terra ao progresso.Tenho um enorme orgulho em dizer que as cabo-verdianas são capazes e competentes e grande honra em poder dizer que sou uma delas, que sou uma Kriola Cabo-verdiana!
Muitos continuam pensando e dizendo que somos o sexo mais frágil! Meus caros a nossa força não esta nos músculos, mas sim no cérebro e no coração. Como é possível insinuar tamanha barbaridade se somos capazes de gerar outro ser, amamentar, tirar a cahupa da nossa boca para dar aos nossos filhos, criar-los sozinha, nunca ficar doente para poder cuidar da família, curar com um beijo, carregar fardos, sorrir quando devíamos gritar, cantar em vez de chorar, rir quando estamos nervosas, ficar emocionadas com novelas, casamentos,nascimentos, com o triunfo dos entes queridos.Damos sempre a volta por cima por pior que seja a situação, sempre conseguimos resolver tudo do com o nosso jeitinho mulher de ser que se traduz em forma de amor incondicional.
Alem de sermos puro coração, temos um cérebro e sabemos usá-lo. Toda cabo-verdiana tem no mínimo duas profissões. Somos mães por natureza, domesticas por talento y ainda por vocação podemos ser professoras, doutoras, peixeiras, costureiras, cabeleireiras, jornalistas, ministras, enfermeiras, varredouras de rua, modelos, atrizes, cantoras, bombeiras, rabidantes, agricultoras, balconistas, secretarias, arquitetas, advogadas, psicólogas, engenheiras, lavadeiras, salva vidas, jogadoras, empresárias, aeromoças, escritoras, cozinheiras e toda e outra profissão que não tenha mencionado ou que ainda nem exista porque para nós nada é impossível.
O nosso único pecado, crime, defeito é esquecermos constantemente de ser nós mesmas, de ser mulher e ignorar o quanto valemos e somos importante para o nosso Cabo Verde. Ao menos hoje sejamos lindas, rainhas, felizes e acima de tudo mulheres cabo-verdianas.
50 anos de LUUANDA (de Luandino Vieira, ex-preso político do Tarrafal)
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